No dia 13 de Junho vamos ter o prazer de receber o escritor João Pedro Mésseder nas escolas EB1 do Frei Aleixo e EB1/JI do Bacelo.
Dizem que um escritor não tem biografia. Ou antes, que os únicos elementos da sua biografia com eventual interesse são as obras que escreveu.
Quando ouço estas ideias repetidas por muitos escritores, dá-me logo para desconfiar e contrariar. Que é que querem? Sou assim.
É por isso que aceito contar-lhes um pouco da minha vida, ainda por cima meio inventada, porque João Pedro Mésseder é nome literário, quer dizer, inventado (prefiro «nome literário» a «pseudónimo», vá-se lá saber porquê).
Nasci no Porto, a «invicta» cidade tantas vezes vencida - pela miséria, a desigualdade e a estupidez humana. Foi no ano da graça de 1957 - o que não teve graça nenhuma, porque onde eu estava bem era na barriga da mãe (quase que rima).
Lembro-me dos verões nas praias e piscina de Leça da Palmeira, com os meus primos e amigos. Foi lá que conheci a primeira namorada quando tinha oito ou nove anos. Chamava-se Solange, era doce como um anjo e encostava-se sempre a mim nos jogos que fazíamos na areia. Logo a seguir tive outra que se chamava Cristina. Nunca mais as vi.
Depois cresci e fiz amigos e tropelias no Liceu Alexandre Herculano, onde estudei e tive professores muito bons. Eram escritores, alguns deles: Agostinho Gomes, Luís Amaro de Oliveira, Lucinda Araújo, Maria Teresa Vale, Diogo Alcoforado.
Formei-me em Filologia Germânica (Inglês e Alemão) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, mas não gostei, ou melhor, só gostei mais ou menos.
Antes de 1974, era um jovem estudante rebelde: lutava contra o fascismo do Salazar e do Marcelo Caetano, quer dizer, lutava contra a guerra nas colónias de África, contra a existência de presos políticos e contra a falta de liberdade e democracia no nosso país. Cruzando-me com muita, muita gente nas ruas, participei na Revolução do 25 de Abril e esses anos de 1974 e 75 foram os melhores da minha vida.
Ainda hoje preciso de fazer política. Ao lado dos mais pobres e injustiçados. Sempre. E quero dizer que estou de acordo com o Saint-Exupéry, quando ele afirma que os dois grandes inimigos da alma são o dinheiro e a vaidade.
Entretanto, continuei a envelhecer - que é o que todos nós fazemos, todos os dias. Casei com uma linda rapariga loira e tive dois filhos mais ou menos loiros: o Miguel e a Inês.
O que faço para ganhar «o pão-nosso de cada dia»? Dou aulas de literatura a futuros professores (os meus alunos são jovens adultos).
Mas, acima de tudo, gosto de ler, ouvir música, ir ao cinema, viajar. Os meus países favoritos são a Itália, a Grécia, Cuba, a França, a Espanha e o Alentejo (é verdade, é: embora seja uma região de Portugal, para mim o Alentejo é um país à parte).
Os meus melhores amigos são a Elisa e o Zé - porque, além da minha família, são as melhores pessoas que conheci em toda minha vida.
Ah, ia-me esquecendo de dizer que já escrevi diversos livros, sobretudo de poesia. Para crianças, jovens e adultos. A minha editora principal é a Caminho, de Lisboa. Mas também tenho livros na Campo das Letras e na Ambar.
E por agora chega. Quando for mais velho, conto o resto (se ainda estiver vivo).
P. S. Queriam saber o clube da minha preferência, não era? Mas não lhes digo.